quinta-feira, 5 de julho de 2007

Tradição, família e propriedade... científica!


Deu no portal G1: um astrônomo estadunidense, pesquisador de estrelas, critica as descobertas de exoplanetas (planetas fora do nosso Sistema Solar), objetos que viraram moda hoje em dia. Ele diz que esses poderiam ser o que ele chama de
criptoplanetas, ou seja, grandes bolas de matéria que orbitam uma estrela, mas não foram feitos com os restos da sua formação, assim como os planetas normais, como a Terra. Ele explica o motivo para tanto alvoroço dos cientistas em torno desses novos planetas:

G1 - Por que os astrônomos parecem ter tanta dificuldade em abandonar o velho esquema de formação planetária, que, para explicar os exoplanetas, precisa ser adaptado com uma idéia de migração dos astros gigantes gasosos para perto da estrela? Kurucz - As pessoas normalmente tentam encaixar as novas descobertas em suas experiências anteriores. Elas não querem lidar com novas idéias e novos problemas. (grifos meus)

Fonte: Portal G1, Ciência e Saúde


Será que a mesma coisa não acontece na Academia? Eu me detenho nas Ciências Humanas em específico: há esse medo (ou preguiça, ou incapacidade, ou exigência do orientador/órgão financiador) de enxergar além, e de ficar sempre nos mesmos autores, nas mesmas teorias, nas mesmas colagens-Frankenstein de autores diversos num mesmo texto pra se justificar uma determinada conjuntura, situação ou fenômeno. Certas vezes - parecido com a afirmação do astrônomo - tenta-se encaixar a realidade na teoria, pois, se o emérito e venerável Dr. Fulano (ou, como no caso da História, Dr. Foulanault) disse isso, então é para a realidade se comportar dessa maneira - e ai dela sair da linha!!

Essa atitude sobre o objeto de estudo tem lá suas razões. As vezes é incapacidade de enxergar mais longe - e não podemos culpar a grande massa de cientistas (sejam eles das humanidades, das exatas ou biológicas) de ser assim, pois, como disse, se não me engano, Eric Hobsbawm, em A Era dos Extremos, a maior parte da humanidade não possui talento algum. Não se deve esperar que todo o cientista seja um Einstein à espera do grande estalo de genialidade, mas também não se deve renegar o trabalho de formiguinha que estes realizam, e que, juntos, formam a base para as grandes descobertas.

Agora, além disso, há o poder massacrante dos feudos acadêmicos, dos embaixadores de determinados pensadores que mantém um círculo de agregados e peões - pesquisadores e estagiários - e que, por mais que aqueles não sejam geniais a ponto de contribuir significativamente com o seu conhecimento para a humanidade, são os que ocupam cargos nas comissões científicas das universidades e governos, e tem o poder do canetaço: "Este convém, aquele não"; "Ele é amiguinho, ela não". E, assim, espalha-se a teia dos que, por um motivo ou outro, encontram-se na situação de continuadores da pesquisa do orientador ou do laboratório, produzindo o já gasto, não se permitindo inovar, pensar além, pois, se o fizerem, perdem o financiamento...

Um comentário:

Anônimo disse...

Não esqueça do professor Jacques Debatelois...