segunda-feira, 9 de julho de 2007

Computadores, videogames, e o mundo que virá...


O videogame Wii, da Nintendo, lidera as vendas no setor. Tá, mas ele tem efeitos gráficos menos desenvolvidos que os da concorrência, os jogos são palha (leia-se: não são tão sangrentos quanto os primos das outras marcas), e aquele joystick é esquisito, tem que jogar em pé, etc. Mas, o que faz tanta gente comprá-lo? Simples: SIMPLICIDADE.

A Nintendo foi esperta em lançar um controle inovador e... SIMPLES! Basta chacoalhá-lo pra cá, pra lá, e, nossa!, já se está jogando. Particularmente eu nunca nem vi esse videogame, conheço-o por ouvi dizer, mas o que li já me credita a escrever este post. Toda uma gama de usuários pelo mundo (diga-se, primeiro mundo) está empolgada com essa novidade, a qual até idosos e donas-de-casa (geralmente os mais apáticos quanto a esse tipo de novidade tecnológica) estão entrando na onda. Os jogos são também simples e voltados à família, e, pelo que eu li, até ajudarão no aprendizado - por exemplo, com aulas de culinária. Mas, perai: eu estou fazendo propaganda da Nintendo?

Existe uma (eterna) discussão entre usuários (e, até certo ponto, militantes) do Windows e do Linux. Ambos trocam farpas, afirmando que um sistema é melhor que o outro por causa disso, disso e daquilo. O argumento dos defensores de Bill Gates é que o seu sistema operacional é fácil de usar, e é seguro - claro, mediante certos cuidados, como anti-vírus e firewalls. Já os militantes do pinguim afirmam que o seu sitema é mais seguro (praticamente não há vírus pra Linux, não porque os hackers tiveram dó, mas a sua arquitetura dificulta a ação dessas pragas) e estável (não trava com facilidade), além de poder ser personalizado ao gosto do usuário (claro, mediante conhecimentos avançados de computação), e ter uma atualização quanto a defeitos muito rápida (como são milhares de programadores ao redor do mundo, alguém, em algum lugar, que achar um bug, já providenciará o seu conserto pra ontem, enquanto no Windows, da descoberta até a solução, há um certo atraso). Mas, qual a ligação entre os sistemas operacionais e o videogame?

Simples! O debate entre aficcionados em computação chega a um ponto em que os windowmaníacos apontam a pretensa dificuldade em se operar o sistema concorrente como uma vantagem-chave para Bill Gates e sua trupe, argumento o qual os linuxmaníacos rebatem na mesma moeda. A bem da verdade - e contrariando ambos os lados -, eu penso que NENHUM deles seja fácil de usar. O que o feliz comprador de um automóvel quer é, em sua gigantesca maioria, sentar seu bumbum no banco e sair dirigindo. Compreender como funciona um motor, ou o sistema de injeção eletrônica, ou mesmo a diferença entre este e um carburador, é coisa pra interessados. Inegavelmente o conhecimento é um instrumento para, além de outras coisas, não ser enganado pelo mecânico.

Daí que entra o Wii: a sua simplicidade atrai os mais diversos públicos. Por que os sistemas operacinais não são feitos para dummies? Por que se tem tanto medo, e se comete tanta cagada - ou ninguém ouviu falar de fotos íntimas divulgadas na internet, só pra dar um exemplo? Porque eles são feitos para quem já tem familiaridade, não importando se é o primeiro computador de um lavrador maiquiniquense de 70 anos. Ambos os sistemas são difíceis, ambos são um enorme desafio, e muitas pessoas não querem saber como é configurada a lilo do Linux, ou como limpar o registro do Windows. Assim, vem a pergunta: cadê a simplicidade?

Enquanto não houver solução para a simplicidade dos sistemas, a tal inclusão digital estará cada vez mais difícil de ser alcançada. Claro, não quero dizer com isso que programas CAD devam ser adaptados para marinheiros de primeira viagem, mas que aplicativos de uso geral sejam acessíveis, a todo o instante, a qualquer um que deseje, sem que se precise de muita habilidade. Essa deveria ser a meta dos militantes do Linux, já que arrotam a superioridade deste sobre o outro. Eles deveriam usar da maleabilidade do sistema para implementar um ambiente de trabalho cada vez mais simples e didático (se possível, auto-didático). Deveriam trabalhar para que qualquer um, até o prezado senhor do exemplo acima, possa disfrutar da praticidade da tecnologia - aliás, esta deveria servir para facilitar a vida do homem, e não para complicá-la. A filosofia por trás da palavra informática é a facilitação, a automação do processamento de informações, e não a sua dificultação. Carros servem, basicamente, para nos levar de um lugar a outro, e os sistemas operacionais, analogamente, não estão cumprindo o seu objetivo, que é encurtar a distância entre a necessidade e sua satisfação.

P.S.: esta é a versão 1.0 deste artigo. Em breve será corrigida.

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