quarta-feira, 4 de julho de 2007

Paris "slut" Hilton


Apresentadora de TV estadunidense recusa-se a priorizar uma notícia da socialite Paris Hilton em detrimento do noticiário sobre a guerra no Iraque. Ela chega a tentar atear fogo na pauta, mas, por fim, insere-a no picador de papel.

Vivemos num mundo onde o fetiche da mercadoria está tão impregnado, que poucas pessoas têm o bom senso de ordenar as coisas de acordo com a sua importância, e não quanto ao seu valor para o consumo. A guerra no Iraque é uma coisa tão distante, e tão abstrata para a maioria dos estadunidenses, e que aparece tantas vezes na TV, que já não desperta tanto interesse quanto as peripécias de uma menina rica, mimada e sem talento algum.

Interessante como essa tal de Paris, de uma hora para outra, transformou-se no mais puro exemplo de celebridade vazia. Ela é só uma imagem, não acrescenta nada a ninguém, e muito menos faz algo além de aparecer. Nesse mundo onde os símbolos são supervalorizados, várias pessoas acabam por esquecer-se que existe um chão, que ainda existe uma hierarquia de valores, de temas que suscitam discussão, de problemas a serem resolvidos, e se apegam, deixam-se levar pelo mundo de sonhos da dita "pós-modernidade", consumindo imagens, e não refletindo sobre elas.

Segundo o ditado, uma delas vale por mil palavras. Eu sempre acreditei, pelo contrário, que uma imagem suscita mais de mil palavras, pois, embora esses símbolos sejam imediatos, estejam ali, são, aparentemente, auto-explicativos, eles são passíveis de manipulação, e das mais simples e críveis. Dependendo do ângulo, do recorte da foto, pode-se, para além do Photoshop, selecionar o objeto a ser mostrado, omitindo tudo o que estiver em sua volta.

Sem reflexão, os diversos significados de um retrato podem ser deixados de lado, favorecendo o imediato, o apelo sentimental direto - o corpo mutilado, a criança passando fome -, descontextualizando o assunto, atribuindo-lhe valores alheios à realidade da conjuntura a qual foi retirada a fotografia - por exemplo.

Dessa forma - e encurtando a conversa -, a atenção do mundo - e, no caso, do telejornal norteamericano - para a pobre menina rica, deixando de lado questões mais importantes, exemplifica o nivel de alienação o qual chegamos, onde a socialite, o Iraque, a fome ou o trabalho escravo, são, cada vez mais, imagens, somente imagens, mais ou menos fortes, que, ao mudar-se de canal, ou virar-se a página, são substituidas por outras, como se o mundo se reduzisse a um conjunto de textos, símbolos soltos pairando no ar dos despreocupados.

2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com você que a P.H. seja uma coisa sem talneto algum, além daquele que os milhões do clã podem comprar. Por outro lado, igual a ela, já houve oa smilhares e não é de hoje. A mesma imprensa cafona que "se revolta", faz encenação no ar, é a que colocou a moça lá em cima, bombaredeou a imagem dela, fez os produtos da moça serem vendidos. Até ontem, servia de bom exemplo: loira, rica, milionária. Tudo o que a maioria das cabeças ocas queria ser! Ideal de muitas meninas (e já não tão meninas). Mas, até então, não tinha rolado cadeia, né? Aí, começou a ficar "indefensável", não serve mais de exemplo. Acho figuras como a P. H. detestáveis, mas que bom que foi pra prisão! AHAHAHAHAHAHAH! Que bom que vai voltar e meter o pé na jaca de novo. Ela só uma boçalzinha rica e vai fazer o que todas fazem. E que se ferre a esse tipo de imprensa asquerosa e quem ganha audiência com as fofocas imbecis. Acho que o que ocorre também é umas figuras que babam vendo a moça rica e loira se ferrando, se realizam, sabe como?

Anônimo disse...

P.S.: digo que bom que foi pra "cadeia" pra calar a boca dos moralistas de plantão, que valorizam o tipo P. H. mas que querem uma "mensagem positiva"...