Nas minhas andanças pela internet, encontrei algo bizarro. O site chama-se Escola sem Partido, e se propõe a ser ponta de lança na "luta" contra professores doutrinadores nas escolas.
Na verdade, essa é uma preocupação importante. Por mais que eu seja socialista, já tenha militado e tudo, não acho correto um professor doutrinar os alunos "inocentes" na sala de aula. O dever do professor é, isso sim, estimular o raciocínio e o debate, o livre trânsito de idéias, a participação e a democracia. Mostrar, na medida do possível, diferentes pontos de vista sobre um mesmo assunto.
Porém, mesmo assim, por experiência própria, só se deve ensinar a dúvida na universidade. Como é que um educador vai matizar alguma problemática, expondo diferentes perspectivas de análise, historicizando e explicando o porquê dessas perspectivas, para uma turma de 1° ano do ensino médio? Isso é trabalho para a Universidade, lugar onde o aluno, já maduro e, de preferência, já iniciado na arte do debate, vai confrontar este tipo de situação.
Um outro ponto importante é a questão da parcialidade do conteúdo. Os participantes do site reclamam que os assuntos tratados nas aulas (principalmente de História, e é aí que eu me encaixo) são, algumas vezes, imparciais - ou seja, são fruto de doutrinação político-partidária. À parte alguns profissionais de caráter duvidoso, que explicitamente doutrinam seus alunos, não há como ensinar sem tomar algum tipo de posição ideológica. A própria (pretensa) ausência de ideologia num livro que somente expõe grandes vultos nacionais e as datas cívicas, já é uma forma de deformação do conteúdo, pois, este sim, não apresenta nenhuma reflexão sobre o passado histórico, e não contesta o porquê das datas e da glorificação de determinados nomes.
Para encurtar a história, numa rápida passada de olhos pelo tal site, vejo a presença espectral de artigos do sr. Olavo de Carvalho*. Ou seja, os pais reclamam de professores doutrinadores, e utilizam um filósofo direitista como argumento! Além disso, vi uma mãe contestando a apostila de redação de uma rede de escolas de São Paulo, porque em uma de suas lições havia um trecho de música da banda Charlie Brown Jr., chamando a tal apostila de "porno-marxista". Ou seja, ela não participa da vida da filha, a ponto de ignorar o que ela ouve no seu caro iPod...
É por isso que eu Cansei de me incomodar com essa gente, e vou chamar a Ivete e o Seu Jorge (quem diria, hein?) pra cantarem na minha manifestação. Mas dessa vez eu vou pedir pros seguranças liberarem os parentes do acidente da TAM, já que os organizadores de festa pra cachorro não deixaram ninguém chegar perto dos Globais ali presentes.
* Sim, aquele mesmo que vê comunistas em todos os lugares, e pensa que o Lula já está desencadeando uma revolução comunista no país, com a ajuda de seus comparsas Chavito, Moralito e Fidelito. Acho que ele não descansará enquanto não embranquecer todas as partes vermelhas do seu corpo. Desejo-lhe sorte!
Na verdade, essa é uma preocupação importante. Por mais que eu seja socialista, já tenha militado e tudo, não acho correto um professor doutrinar os alunos "inocentes" na sala de aula. O dever do professor é, isso sim, estimular o raciocínio e o debate, o livre trânsito de idéias, a participação e a democracia. Mostrar, na medida do possível, diferentes pontos de vista sobre um mesmo assunto.
Porém, mesmo assim, por experiência própria, só se deve ensinar a dúvida na universidade. Como é que um educador vai matizar alguma problemática, expondo diferentes perspectivas de análise, historicizando e explicando o porquê dessas perspectivas, para uma turma de 1° ano do ensino médio? Isso é trabalho para a Universidade, lugar onde o aluno, já maduro e, de preferência, já iniciado na arte do debate, vai confrontar este tipo de situação.
Um outro ponto importante é a questão da parcialidade do conteúdo. Os participantes do site reclamam que os assuntos tratados nas aulas (principalmente de História, e é aí que eu me encaixo) são, algumas vezes, imparciais - ou seja, são fruto de doutrinação político-partidária. À parte alguns profissionais de caráter duvidoso, que explicitamente doutrinam seus alunos, não há como ensinar sem tomar algum tipo de posição ideológica. A própria (pretensa) ausência de ideologia num livro que somente expõe grandes vultos nacionais e as datas cívicas, já é uma forma de deformação do conteúdo, pois, este sim, não apresenta nenhuma reflexão sobre o passado histórico, e não contesta o porquê das datas e da glorificação de determinados nomes.
Para encurtar a história, numa rápida passada de olhos pelo tal site, vejo a presença espectral de artigos do sr. Olavo de Carvalho*. Ou seja, os pais reclamam de professores doutrinadores, e utilizam um filósofo direitista como argumento! Além disso, vi uma mãe contestando a apostila de redação de uma rede de escolas de São Paulo, porque em uma de suas lições havia um trecho de música da banda Charlie Brown Jr., chamando a tal apostila de "porno-marxista". Ou seja, ela não participa da vida da filha, a ponto de ignorar o que ela ouve no seu caro iPod...
É por isso que eu Cansei de me incomodar com essa gente, e vou chamar a Ivete e o Seu Jorge (quem diria, hein?) pra cantarem na minha manifestação. Mas dessa vez eu vou pedir pros seguranças liberarem os parentes do acidente da TAM, já que os organizadores de festa pra cachorro não deixaram ninguém chegar perto dos Globais ali presentes.
* Sim, aquele mesmo que vê comunistas em todos os lugares, e pensa que o Lula já está desencadeando uma revolução comunista no país, com a ajuda de seus comparsas Chavito, Moralito e Fidelito. Acho que ele não descansará enquanto não embranquecer todas as partes vermelhas do seu corpo. Desejo-lhe sorte!
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