quinta-feira, 15 de novembro de 2007

De pé, ó vitimas da (pós) modernidade!


O capitalismo nos animalizou, nos transformou em cães disputando fêmeas e poder num struggle for life onde não se deseja o bem comum, mas a satisfação das necessidades fisiológicas imediatas.

Nossa sociedade fede a bosta. Hipocrisia, burrice, falta de afeto, disputa por poder. Ou seja, os chimpanzés pelo menos são mais felizes, porque eles não escolheram ser assim e não têm consciência nem culpa do que fazem e pelo que fazem, enquanto nós cavamos nossa própria sepultura e, ao invés de transformarmos nossa realidade para algo melhor, algo amoroso, altruísta, companheiro, nos afundamos em coisas, seja a buceta-coisa, seja o carro-coisa.

O que será de nós daqui a algumas décadas? Um "Admirável Mundo Novo" de Huxley, uma sociedade limpa, delírio tecno-fascista onde as raças pré-desenhadas em laboratório, e separadas de acordo com a sua capacidade intelectual, se satisfarão sexualmente entre si mesmas, se drogarão e se divertirão todos os dias, vivendo uma eterna juventude dirigida pelo governo para suprimir os sentimentos, que as transforma em peças da economia de mercado, sem margem para pensar livremente e mudar a sua realidade?

Como dizia o "bom velhinho" há uns 150 anos atrás, o capitalismo conseguiu retirar o véu de romantismo que cobria as profissões, transformando seus executores em meras mercadorias, e, ousando complementar Marx, isso acaba se estendendo à toda sociedade, pois não há mais tempo para o amor, para a compreensão mútua, para a solidariedade e altruísmo, características que nos distinguem dos chimpanzés e cachorros. O tempo agora é do imediato, é do beijo na boca, é o da "rapidinha", é o da "carreira antes, relacionamento depois".

O capitalismo está destruindo o ser humano, e temos que inverter o jogo logo, antes que viremos máquinas, e sintamos saudade (se é que um dia teremos o direito de "sentir") dos longínquos dias de serenatas, de presentes descompomissados, de buquês de flores, ou mesmo de um "oi" sem ter que pagar ou se explicar.

Socialismo é o meio pelo qual o homem pode extrair de si próprio suas mais lindas qualidades, seja a inteligência, a amizade, o amor, a sensualidade, a tolerância.

Hoje se estuda e se prega a tolerância, mas a própria ordem das coisas não é tolerante conosco. Como diz o Gabriel o Pensador, "Aquilo que o mundo me pede não é aquilo que o mundo me dá". Quanto mais expõe-se o ser humano à miséria, mais ele vai procurar seus semelhantes para se unir e tentar achar um culpado. Ao tentar unir-se, nós buscamos nossos semelhantes, seja por cor, religião ou por compartilharem determinadas tradições (nacionalismo).

O "nós é nós e o resto é bosta" é o lado sujo das políticas de valorização étnica. Por isso que o fascismo está retornando no mundo.

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